Em tempos de cólera, UFRJ debate a importância da arte e da cultura na universidade

No I Encontro de Arte e Cultura da UFRJ, a mesa de abertura reuniu o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, prof. Carlos Vainer, o atual reitor da UFRJ, prof. Roberto Leher e a futura reitora, professora Denise Pires de Carvalho, já oficialmente nomeada para o cargo. As atividades foram realizadas na Casa da Ciência, que teve auditório cheio, com a participação de cerca de cem pessoas para discutir o tema “Arte e cultura na Universidade em tempos de cólera”.

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Começou nesta segunda, 03/06, o I Encontro de Arte e Cultura da UFRJ. A mesa de abertura reuniu o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, prof. Carlos Vainer, o atual reitor da UFRJ, prof. Roberto Leher e a futura reitora, professora Denise Pires de Carvalho, já oficialmente nomeada para o cargo. As atividades foram realizadas na Casa da Ciência, que teve auditório cheio, com a participação de cerca de cem pessoas para discutir o tema “Arte e cultura na Universidade em tempos de cólera”.

Abrindo o evento, Carlos Vainer chamou atenção para o desafio de realizar o encontro em um momento de instabilidades e ataques a iniciativas no campo da educação e da cultura. “Devemos enfrentar as incertezas afirmando as certezas da importância da arte e da cultura nessa universidade”, afirmou. Inspirando-se na obra do espanhol Federico García Lorca, Vainer adaptou os versos do poeta para falar das artes: “As artes passeiam pelas ruas, pelos corredores e salas de nossa universidade. São as coisas que nos unem, que nos inspiram a pensar e perceber  o mundo de maneiras diversas”, disse.

O coordenador também mencionou importantes iniciativas desenvolvidas pelo Fórum nos campos artísticos e cultural, que resultam da aplicação da política cultural da UFRJ, que é coordenada e executada pelo FCC. Um dos exemplos de projetos bem sucedidos é o Programa de Apoio às Artes (PROART/UFRJ), cujo primeiro edital foi lançado em 2017 para apoiar Grupos Artísticos de Representação Institucional (GARINs) da universidade.

Em 2019, um novo edital do mesmo programa passou a incluir também os Projetos Artísticos de Representação Institucional (PARINs). O PROART apoia GARINs e PARINs, que totalizam atualmente 16 iniciativas, entre elas o Quinteto Experimental de Sopros que se apresentou antes da mesa de abertura e deu o pontapé inicial das atividades do I Encontro de Arte e Cultura.  

Quinteto de Sopros

Politica cultural na universidade em tempos cólera

Aprovada no Conselho Universitário (Consuni), em 2014, a Política Cultural, Artística e de Difusão Científico-Cultural da UFRJ vem sendo posta em prática nos últimos anos, funcionando como dispositivo central na articulação, promoção e manutenção de ações de arte e cultura dentro da universidade.  

Prof. Leher

“É muito importante que a UFRJ tenha a sua política cultural no momento extremamente adverso à existência de políticas culturais. Não há possibilidade de forjarmos futuros sem termos um campo da arte e da cultura, que são ânimas da nossa instituição universitária”, afirmou o reitor Roberto Leher (em destaque na foto acima).

Diante de um cenário de ataques às instituições públicas de educação, Leher defendeu o papel estratégico da cultura e das artes no enfrentamento do que chamou de relação utilitarista com o conhecimento. “A arte e a cultura fazem frente a este utilitarismo estéril, possibilitando redimensionar a razão instrumental com a força da razão emancipatória. Sem arte, sem cultura, nossa capacidade inventiva de criticar as visões de mundo, as relações de poder, os dogmatismos e os diversos fundamentalismos, se reduz. O enfrentamento de tais quadros requer que a universidade seja uma universidade de cultura”.

Ao rememorar a trajetória de conquistas do FCC nos últimos anos, Vainer citou a institucionalização de órgãos do Fórum, aprovada pelo Consuni no meio do ano passado. Na ocasião, órgãos como a Casa da Ciência, a Editora UFRJ o Sistema de Bibliotecas (SiBI) e os recém-criados Núcleo de Rádio e TV, Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônio Cultural (SIMAP) e Universidade da Cidadania (UC) foram inseridos na estrutura do FCC, que já contava com o Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE) e o Museu Nacional como órgãos suplementares.

Prof. Denise

Para a reitora eleita, Denise de Carvalho (foto acima), o FCC tem sido essencial para aproximar universidade e sociedade, construindo pontes diretas entre as duas esferas, num caminho de mão dupla. Segundo ela, através da interação promovida pelo Fórum em parceria com lideranças artísticas e culturais da cidade, programas de extensão e pós-graduação e pesquisa, a UFRJ deve “fortalecer e ampliar a relação com a sociedade, derrubando essas barreiras, esses muros que ainda existem. Não é mais o momento de nos encastelarmos”, afirmou a reitora, que destacou ainda o papel social das instituições de ensino.

“As universidades se institucionalizaram de uma maneira e tomaram corpo, o que é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico e cultural das sociedades. Não há nação soberana sem universidades fortes”, concluiu Denise de Carvalho.

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Reportagem: Victor Terra
Fotografia: Eneraldo Carneiro

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