Quebra-quebra agita a Praça Tiradentes


Quem entrasse no Teatro Carlos Gomes na noite de terça, 4 de outubro, dificilmente acreditaria que todas as 250 pessoas presentes, que lotavam todo o andar de baixo, estavam ali para assistir a performances envolvendo poesia. Música, acrobacias e muita, muita criatividade foi esbanjada pelos artistas que subiram ao palco….

Quebra-quebra agita a Praça TiradentesQuem entrasse no Teatro Carlos Gomes na noite de terça, 4 de outubro, dificilmente acreditaria que todas as 250 pessoas presentes, que lotavam todo o andar de baixo, estavam ali para assistir a performances envolvendo poesia. Música, acrobacias e muita, muita criatividade foi esbanjada pelos artistas que subiram ao palco.O público foi conferir o evento A Palavra no Centro, no qual os alunos da Universidade das Quebradas (os “quebradeiros”) puderam realizar a sua primeira apresentação artística. Coordenado por Heloísa Buarque de Hollanda e Numa Ciro, o curso de extensão é promovido pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC), do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.  Os “quebradeiros” apresentaram uma performance intitulada A Palavra Quebrada, que incluiu dança e teatro.

A crítica social esteve em foco, em especial contra as ações dos governos estadual e municipal do Rio de Janeiro, como a operação Choque de ordem e a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Parodiando Filho maravilha, de Jorge Benjor, os artistas pediram para “sentar o pau na UPP pê pê pê pê”. E quanto ao Porto Maravilha, cobraram. “Faz mais um pra gente ver”.

Apreciar tantos grupos talentosos não custou caro. Por apenas um real, quem esteve no teatro pôde apreciar ainda atrações circenses e vídeos que abordaram também as relações sociais e o amor. Questionamentos sobre o contágio do medo e não do amor e críticas à sociedade contemporânea hiperconectada que parece desconhecer ou não se importar com o problema da fome no mundo estiveram em foco.

Já o grupo do Centro de Experimentação Poética, ao final de sua apresentação,  fez questão de convidar todos a participar das oficinas de poesia e performance realizadas na Biblioteca Municipal Machado de Assis, que fica na rua Farani, 53, em botafogo, e acontecem às quintas, das 19 às 21 horas.

Com tanta ousadia e vibração criativa, nem mesmo o orifício localizado no final do intestino grosso foi deixado de lado durante as performances. Tetsuo Takita, ator e aluno da Universidade das Quebradas, em seu poema disse que a famosa e cobiçada região constituía-se na verdadeira alma do ser humano. Era uma boca e “deveria ter dentes”. O poeta encerrou seu texto e saiu de cena andando de costas para o público. Foi aplaudido efusivamente enquanto a plateia podia ver suas costas desnudas. Afinal de contas, “todo mundo quer comer um QU”.

Os artistas animaram a noite até mesmo de quem ficou de fora do teatro. Antes e depois da exibição no palco, os Siderais tocaram seus instrumentos e chamaram a atenção de quem passou pela praça Tiradentes. A Banda de groove rock formada por trompete, saxofone, tenor e instrumentos de fabricação própria, como o souzafone, trouxe música e harmonia ao caótico trânsito carioca no horário do rush.

Rafael Barcellos
Jornalista FCC/UFRJ

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