Arraiá da UFRJ traz cultura, diversão e conscientização
A tradição de comemorar o São João em junho não foi impedimento para a realização do VIII Arraiá Professor Carlos Tannus nos dias 29 e 30 de julho. Na verdade, a espera maior pela festa só aumentou a expectativa e causou mais animação nos presentes,…
A tradição de comemorar o São João em junho não foi impedimento para a realização do VIII Arraiá Professor Carlos Tannus nos dias 29 e 30 de julho. Na verdade, a espera maior pela festa só aumentou a expectativa e causou mais animação nos presentes, tornando-a ainda mais especial.
A programação começou ainda durante o dia com uma programação direcionada ao público infantil, com brincadeiras e gincanas organizadas pelo projeto Faz e acontece. Além da realização dessas atividades no Arraiá, o projeto também aborda dança e teatro. Segundo a coordenadora Ana Lúcia Coelho, o objetivo é promover o resgate cultural de forma mais lúdica. No Arraiá, em especial, o grupo coordenou as brincadeiras de corrida no saco, dança da cadeira, corrida com o ovo na colher e outras, e também apresentou uma dança típica do sul, Pau-de-fitas.
Na sexta, a cultura nordestina realmente tomou conta da noite. O Trio Forró Dance, formado por 3 homens, se apresentou duas vezes, cantando e tocando canções tipicamente do nordeste. Esse foi um convite para os casais, que transformaram a frente do palco numa pista de dança.
Para manter o ritmo animado, entre os dois momentos de show, houve a apresentação da Quadrilha Buraco Quente. O grupo é um dos mais populares do Rio de Janeiro e mistura a tradição original do forró e das quadrilhas antigas com muita irreverência e simpatia com passos de dança modernos e criativos. Muitas das pessoas que assistiam aproveitaram para dançar junto e tentar aprender alguns passos novos.
A apresentação da noite que mais chamou a atenção foi a dos repentistas Miguel Bezerra e Duda Viana. Repente é uma tradição folclórica brasileira cuja origem remonta aos trovadores medievais. Especialmente forte no nordeste brasileiro, é uma mescla entre poesia e música na qual predomina o improviso.
O repente possui diversos modelos de métrica e rima e seu canto costuma ser acompanhado de instrumentos musicais. No caso da dupla, que se apresentou no Arraiá pela segunda vez, as rimas foram acompanhadas ao som dos violões e foram aprovadas pelo público.
Entre forró e samba
O sábado também foi recheado de música ao vivo. Duas atrações principais animaram a noite. O bom forró ao som de violão e sanfona, de forma bem tradicional, ficou por conta do Trio Forró Pesado. Já o Multibloco, que se apresentou pela primeira vez no Arraiá da UFRJ, empolgou o público, cantou e tocou marchinhas, sambas, ritmos juninos e outros ritmos.
O grupo foi fundado em setembro de 2008, visando ao desfile no carnaval de 2009. Todos os integrantes do bloco fazem parte das oficinas realizadas aos domingos no espaço da Multifoco – editora especializada em publicação de livros de novos autores.
As inscrições para entrar no bloco mais animado da Lapa são abertas ao público. As oficinas baseiam-se no ensino de instrumentos de percussão e, no período entre maio e julho, são voltadas para a formação de um repertório de festas de São João. O resultado desse trabalho pode ser visto no pequeno show do Multibloco, que foi o mais comentado e elogiado da noite.
O que não podia faltar…
Uma festa junina não é a mesma sem as famosas barraquinhas, que vendem comidas e bebidas típicas. Essa não foi diferente. Vários Centros Acadêmicos da UFRJ ficaram responsáveis pela organização de uma barraca com um produto específico, conferindo organização e variedade.
Dentre elas, algumas chamaram mais a atenção, seja pela ornamentação ou pelos produtos oferecidos. A barraca da Coordenação de Extensão da Escola de Educação Física e Desportos foi a mais colorida e enfeitada, contando inclusive com dois grandes bonecos de pano confeccionados pelos próprios alunos, exclusivamente para a ocasião, enquanto a da Universidade das Quebradas trouxe uma mistura de tapiocas com literatura de cordel.
Mas não só de quentão, canjica, bolos e doces eram feitas as barracas. Havia também algumas que ofereciam prestação de serviços como correio do amor, barraca do beijo e uma novidade: o aluguel de dançarino. Opções para satisfazer o paladar e para se entreter não faltaram.
Conscientização Social
O Arraiá não trouxe somente opções de diversão com música, dança, brincadeiras e comidas. Houve também a preocupação em fornecer um conteúdo de cunho social no sentido de promover reflexão e conscientização.
O projeto Fórum em Cena elaborou um casamento na roça diferente e inovador. Ao invés do tradicional noivo que é obrigado pelo pai da noiva a se apresentar ao padre na frente do altar para se casar, a peça trouxe um casal masculino. Noivo e noivo foram, nessa encenação, as figuras que roubaram a cena e apareceram com mais holofotes do que a noiva, que ainda assim não saiu de cena.
O roteiro de O noivo que virou homem – casamento pra ver dançando é de André Protasio, da Produção Cultural do Fórum de Ciência e Cultura. A peça mostrou questões como homofobia e união homoafetiva de forma bem-humorada, mas objetivando esclarecer e conscientizar as pessoas presentes.
Yara Lopes
Estagiária de Jornalismo/ FCC
Edição: Rafael Barcellos Jornalista FCC/UFRJ
Revisão: Clécia Oliveira FCC/UFRJ