Brasil precisa se consolidar como país soberano internacionalmente, avaliam especialistas
As relações comerciais e diplomáticas do país foram tema de debate
O evento “Bicentenário da Independência e os rumos do Brasil”, realizado pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, em comemoração aos 200 anos da data, contou com a participação de cientistas e pesquisadores para discutir como a defesa, a proteção do território e as relações de cooperação podem auxiliar no desenvolvimento e na promoção de uma integração sul-americana e latino-americana.
Participaram do debate o professor José Luís Fiori, do Instituto de Economia da UFRJ, o professor Francisco Carlos Teixeira da Silva, do Instituto de História da UFRJ e o professor Darc Costa, do Instituto da Brasilidade. A mediação da mesa, que recebeu o nome de “Desafios da Soberania Territorial e para a Projeção Internacional do Brasil”, ficou a cargo do professor da UFRJ e curador do evento, Luis Fernandes.
O debate foi iniciado pela fala do professor Francisco Carlos (UFRJ), que analisou o atual momento macropolítico.
Temos chamado a ordem mundial em que vivemos hoje de simplesmente nova ordem mundial. Ela começou com o fim da Guerra Fria e o que nós assistimos hoje é a resistência à consolidação de uma nova ordem mundial, que já vem se dando há um tempo, de caráter multilateral. Hoje em dia, destacam-se o retorno de componente militar, com graves ameaças, e a atual desigualdade social entre países e intra países
No espaço sul-americano, o Brasil consegue se inserir como uma unidade geográfica e política positiva em relação aos demais países. A maturidade do país deve ser vista como um trunfo para a estruturação de acordos internacionais relevantes para o desenvolvimento.
José Luís Fiori, professor da UFRJ, cita, no entanto, que não existe soberania absoluta no mundo real e o Brasil precisa construir sólidas relações de cooperação e desenvolvimento para promover processos de integração com diferentes países ao redor do mundo.
Nas últimas décadas as nações voltaram a se proteger nos termos das políticas sociais, econômicas, tecnológica e militar. Quando temos um sistema de países soberanos, não há mais ninguém que possa arbitrar sobre esses membros
Embora problemas diplomáticos envolvendo agendas de política externa possam surgir de diversos fatores, o atual momento geopolítico para o Brasil é oportuno. Segundo Darc Costa, do Instituto da Brasilidade, o país precisa maximizar seu potencial na conjuntura internacional para estimular ainda mais o desenvolvimento econômico.
O Brasil agora completa dois séculos como nação. Nações são construídas sobre os interesses nacionais, que podem proporcionar soberania, que nunca é um conceito completo, mas que é fundamental, pois dá a capacidade e autonomia para o país de decidir sobre os temas importantes para o povo
Costa explica que o assunto é sempre sensível, pois envolve a decisão de fortalecer a economia local versus a possibilidade de se integrar a uma cadeia de comercial internacional. “As questões sociais, que exigem a construção de uma sociedade industrial, no campo econômico significam protecionismo. Estamos diante de um momento de oportunidade, com rupturas geopolíticas claras”.
No dia 21, além do debate sobre a soberania territorial e os desafios para alavancar a projeção internacional do Brasil, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ promoveu as mesas “Desafios da Soberania Tecnológica” e “Desafios para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia”. Os encontros estão disponíveis na íntegra, no canal do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Youtube.