Carlos Vainer assume a coordenação do Fórum
Andreza de Lima Ribeiro | 26/04/2012
Mudar a forma como o Fórum de Ciência e Cultura (FCC) é visto pela sociedade e pela própria UFRJ será o fio condutor da gestão de Carlos Vainer. O novo coordenador, empossado em 20 de abril de 2012, pretende que o Fórum execute seus elementos fundamentais – conforme definido no Estatuto e Regimento da Universidade – que são o debate e a síntese dos estudos referentes ao progresso dos vários setores do conhecimento bem como dos problemas brasileiros, a difusão científica e cultural, a preservação e expansão do patrimônio histórico-cultural artístico e da natureza brasileira.
A tarefa não será fácil, admite Vainer, lembrando que “apesar dos esforços dos que me antecederam não há como não reconhecer que o nosso FCC tem estado longe de cumprir de maneira adequada as suas atribuições”. O coordenador acredita que o Fórum expressa as dificuldades que a UFRJ tem para “articular os saberes de várias áreas do conhecimento e organizar e promover o diálogo extramuros”, apesar de haver várias iniciativas para promover esta integração. O problema, na opinião de Vainer, é a fragmentação das unidades, característica citada diversas vezes nos discursos dos componentes da mesa e vista por ele como a “questão central da Universidade”.
Para fundir as diversas áreas, pelo menos no que diz respeito ao Fórum, Carlos Vainer vai adotar como base o capítulo 8 do Plano de Desenvolvimento da Cidade Universitária (PDCIDUNI 2020). Intitulado “Cidade Universitária, Cidade do Conhecimento e das Artes”, o texto aborda o compromisso da UFRJ com a educação e prevê ações – estabelecidas por uma política cultural, artística e de difusão cultural-científica – para inscrever a Universidade no circuito cultural do Rio de Janeiro. Aprovado pelo Consuni em 5 de dezembro de 2009, as orientações não saíram do papel mas serão o ponto de partida para a gestão de Carlos Vainer.
“O Fórum é um lugar de duplo encontro: encontro da Universidade consigo mesma e encontro da Universidade com o mundo extramuros (a cidade, o Estado, o país, as demais universidades de nossa cidade e Estado)”, explica Vainer, e para isso, pretende articular a presença do FCC tanto nacional quanto internacionalmente. Antes, porém, ele quer (re)construir a identidade do FCC. “Qual a imagem que a UFRJ tem do Fórum de Ciência e Cultura? Para muitos, o Fórum é um conjunto de salas que podem ser usadas para um evento; para outros, é um centro cultural situado na Praia Vermelha, pertencente a UFRJ e que promove ou acolhe eventos. Mas seja qual for o caso, a UFRJ não se reconhece no FCC”.
Será através da “refundação” do Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE) que Vainer vai iniciar as mudanças para que o Fórum de Ciência e Cultura cumpra “um papel de instituição voltada para propiciar as bases materiais e intelectuais de um movimento dialógico confrontacional no campo dos estudos avançados e transdiciplinares”. Ele vai propor a UFRJ a formação de cátedras (ou programas) que estejam na ponta do debate científico cultural e artístico com projetos de pesquisa selecionados através de edital público. Espera-se que essas cátedras sejam centros de pesquisa, reflexão e produção e que expresse e fomente o trabalho da inteligência universitária, promovendo, deste modo, um fecundo diálogo interno e externo. “O Fórum de Ciência e Cultura vai se transformar na Ágora universitária, na Ágora da inteligência da cidade e do estado do Rio de Janeiro”, resume.
Carlos Bernardo Vainer substitui Aloísio Teixeira, que coordenou o Fórum durante oito meses e declinou do cargo por motivos pessoais. A revitalização do FCC inclui parcerias com o Museu Nacional, a Casa da Ciência, o Sibi e a Editora UFRJ, órgão vinculados ao Fórum mas que vêm atuando de forma independente e para os quais Vainer prevê mudanças significativas, como a centralização da publicação de textos científicos na Editora ao invés da pulverização que existe atualmente.
Outra proposta de Vainer é a criação de uma emissora de rádio e de um canal de televisão para ocupar espaços existentes – como a TV Universitária dos canais fechados -, e os que estarão abertos brevemente, como a TV Universitária em canal aberto e com programações regionais. “Nós temos que estar preparados para produzir conteúdos e intervir nesse processo. E nós o faremos, vamos caminhar nessa direção. Para a concepção e implantação da nossa rádio e TV estão todos desde já convidados, mas reconhecemos, nesses momentos iniciais, o papel protagônico que deverá desempenhar a nossa Escola de Comunicação. A ela irá, em primeiro lugar, o nosso olhar e a nossa proposta para que tome a liderança que lhe cabe naturalmente nesse empreendimento. Em breve, espero informar o resultado dessa investida”, disse.
O coordenador falou ainda sobre o futuro do Canecão, o qual pretende que seja pensado como espaço público comprometido com a formação artístico e cultural do Rio de Janeiro. Carlos Vainer enfatizou a necessidade de colaboração de órgãos como as Secretarias Estadual e Municipal de Cultura para que, em conjunto com a UFRJ, o local seja transformado e bem aproveitado: “Isso exige uma gestão profissional e projetos que integrem a antiga casa de espetáculos ao projeto de centro de convenções de cultura que consta no Plano Diretor 2020”.