consuni institucionaliza órgãos do fórum de ciência e cultura
No dia 28 de junho, na sessão do Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ, foi aprovada, por unanimidade, a institucionalização da Casa da Ciência, da Editora UFRJ, do Sistema de Bibliotecas (SiBI) e dos recém-criados Núcleo de Rádio e TV, Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônio Cultural (SIMAP) e a Universidade da Cidadania (UC). Com a aprovação da emenda relativa ao Estatuto da UFRJ, foi redefinida a estrutura do Fórum de Ciência e Cultura (FCC), que também tem como órgãos suplementares o Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE) e o Museu Nacional (MN), ambos institucionalizados.
No dia 28 de junho, na sessão do Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ, foi aprovada, por unanimidade, a institucionalização da Casa da Ciência, da Editora UFRJ, do Sistema de Bibliotecas (SiBI) e dos recém-criados Núcleo de Rádio e TV, Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônio Cultural (SIMAP) e a Universidade da Cidadania (UC). Com a aprovação da emenda relativa ao Estatuto da UFRJ, foi redefinida a estrutura do Fórum de Ciência e Cultura (FCC), que também tem como órgãos suplementares o Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE) e o Museu Nacional (MN), ambos institucionalizados.
O Reitor Roberto Leher, presidente do Fórum, ressalta que é um momento de muita importância para a universidade porque fortalece a UFRJ como instituição comprometida com a problemática da cultura; segundo Leher, “num país em que a cultura é tão aviltada, com intentos de extinção de ministério, de baixíssimos recursos para a área cultural”. Complementa: “É uma lógica crescente de transformar as universidades num espaço tecnocrático de formação de ‘recursos humanos’. Termos uma área de cultura pujante é motivo de júbilo”. O Reitor finaliza: “Certamente, toda a comunidade do Fórum, todos os que vêm trabalhando nessa perspectiva estão muito de parabéns, a UFRJ está de parabéns e, seguramente, hoje é um dia importante para o país”.
CarlosVainer, coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, informa que, na estrutura da universidade, o FCC foi concebido como um centro que não seria disciplinar. Seria uma plataforma de articulação, interdisciplinar, já que os outros centros, como o de tecnologia e de ciências da saúde se estruturaram por campos disciplinares. De acordo com o coordenador, também há um lado perverso: “O Fórum foi pensado também para ser uma espécie de cabeça ideológica do projeto ditatorial para a universidade”. Ele ressalta que, com o processo de democratização, o FCC foi perdendo essa dimensão autoritária, ditatorial e de ideologia antidemocrática. Com isso, sofreu certo esvaziamento também porque desempenhava o papel de articulador de maneira precária. Vainer afirma que o Fórum acabou se tornando uma espécie de centro cultural onde se articulava algumas iniciativas multidisciplinares, mas sem grande relevância na vida da universidade. Para ele, a emenda no estatuto da UFRJ contempla o presente e o futuro do Fórum e cria um novo órgão além de integrar o patrimônio cultural e ter uma política de defesa, preservação e promoção deste patrimônio.
Isabel Azevedo e Fátima Brito estiveram à frente da direção da Casa da Ciência nos últimos anos. Fátima considera que a universidade está vivendo um momento histórico: “O reconhecimento oficial do Consuni pelo trabalho desenvolvido na Casa da Ciência”. Ela espera: “Daqui para frente, com uma nova geração entrando na universidade, que a Casa da Ciência continue essa relação que a universidade precisa ter com a sociedade”. Pontua: “Também é um estímulo para a institucionalização de outros museus que já existem e para a criação de outros na universidade”.
Isabel diz que a conquista é “a realização de um sonho. Depois de tantos anos lutando, não dá para desistir”. Para ela, “o Fórum de Ciência e Cultura conseguiu reunir a comunidade da UFRJ em torno da cultura e da divulgação científica e produzir uma política de cultura. “A vitória de hoje é a coroação desta política”.
Cláudia Carvalho, a atual diretora da Casa da Ciência e ex-diretora do Museu Nacional por oito anos, comenta: “Mais do que a institucionalização agora é o reconhecimento. Este é um momento muito feliz para todo mundo que trabalha na universidade e não apenas nessas unidades que estão sendo oficializadas ou nas unidades que serão criadas”.Cláudia completa: “A gente passa a ter um respaldo de fato, oficial, da instituição que nos abriga. Mais de duas décadas trabalhando e divulgando a ciência, a Casa da Ciência passa a ter um reconhecimento na posição dentro da universidade”.
Fernanda Ribeiro, diretora adjunta da Editora UFRJ, relata que, desde o início da estruturação e fundação do Fórum, a existência do órgão já estava prevista. E vem há décadas realizando seu papel, mantendo o vínculo com o FCC. Para ela, “a institucionalização dos órgãos suplementares dá mais força para todos”.
Paula Mello, coordenadora do SiBI, diz que esse processo de institucionalização é fundamental porque legitima um trabalho que vem sendo realizado há 29 anos em torno de todas as bibliotecas da UFRJ. Segundo Paula: “O bom trabalho que o SiBI vem desempenhando ao longo desses anos é coroado com a aprovação da institucionalização pelo Consuni”. Ela afirma: “Estar no Fórum é bom para o SiBI porque o FCC tem um caráter multidisciplinar, que é a nossa cara porque o SiBI trabalha para toda a UFRJ, para a graduação, para a pós-graduação, para a extensão, para os colegas técnico-administrativos”.A coordenadora completa: “O Fórum permite essa abertura para desenvolver nossos projetos, o que não aconteceria se estivéssemos vinculados a alguma pró-reitoria, o que não seria o ideal”.
Fernando Salis, diretor do Núcleo de Rádio e TV, considera que, a partir dessas aprovações, o Fórum de Ciência e Cultura fica ainda maior, mais importante para a UFRJ. O FCC é um centro com a missão de ser uma ponte entre a produção cultural e científica da universidade e a sociedade. Salis reitera: “Com a institucionalização, a gente vai poder não só, de uma maneira mais consistente, dar força a esses grupos de trabalho, a esses órgãos, a essas unidades que a gente tem no Fórum”. Para ele, será possível planejar melhor o desenvolvimento destas unidades. Também ressalta que “a institucionalização também é um marco histórico para a relação da universidade com a comunicação como um todo e para os meios de comunicação de massa”. Por fim, afirma: “Com o núcleo de Rádio e TV, a gente vai poder, agora, não só construir canais de comunicação diretos com a sociedade como também consolidar a comunicação pública no Brasil”.
Sobre o SIMAP, Cláudia Carvalho ressalta que o órgão está em processo de criação agora. Pontua: “Ficamos na expectativa de concluir uma parte importante da política cultural, da política de preservação, da política de acervos e coleções da maior universidade do Brasil, que tem um patrimônio humano, edificado, material muito importante pra gente”.Cláudia ressalta que, a partir do SIMAP, será possível não só divulgar esse patrimônio, mas também encontrar melhores formas de protegê-lo.
Jeferson Salazar, um dos articuladores da Universidade da Cidadania, que se integrou ao grupo em 2017, considera que o fato de a UC se tornar um órgão oficializado é uma conquista muito grande para a universidade e, em especial para o Fórum de Ciência e Cultura, num momento em que a crise política, econômica e social no país é extremamente grave. Para ele, UC seria mais uma frente de resistência da universidade, de reafirmação dos compromissos da universidade pública com a sociedade brasileira, em especial, com os movimentos populares, organizações sindicais, movimentos de cultura, numa expectativa de uma educação, não dentro da estrutura acadêmica formal, mas de uma educação emancipadora.
O Fórum de Ciência e Cultura (FCC)
O FCC foi instituído em 1972, com a responsabilidade de promover estudos referentes aos progressos dos vários setores do conhecimento, a difusão científica e cultural e a preservação do patrimônio histórico, cultural e artístico. Desde o início, procura ser o lugar que proporciona a integração entre unidades da universidade e desta com a cidade.
Também tem como papel superar fronteiras entre diferentes disciplinas, entre múltiplas formas de saber – acadêmico e não acadêmico –, entre ciência e arte e entre variadas formas de expressão e linguagem.
O FCC é assimilado, pelo Estatuto da universidade, aos demais Centros: Ciências da Matemática e da Natureza (CCMN), Ciências da Saúde (CCS), Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Letras e Artes (CLA) e Tecnologia (CT). Tem como desafio a comunicação, o diálogo, o encontro e confronto de ideias, visões, concepções e perspectivas.
O Reitor da UFRJ preside e nomeia o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura. O Conselho Diretor é integrado pelos decanos dos demais centros da UFRJ e os diretores dos órgãos que integram sua estrutura. Dentre suas metas está a formulação e execução da Política Cultural, Artística e de Difusão Científico-Cultural da UFRJ;contribuição com ações integradas da instituição e desta com outras universidades; elaboração da Política de Comunicação da UFRJ, com o objetivo de implantar e operar a TV e a Rádio universitárias;e formulação e implementação de políticas e ações de preservação e promoção do patrimônio da universidade, assim como dos espaços de ciência, por meio do Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônio (SIMAP).
Órgãos Suplementares do Fórum de Ciência e Cultura
Casa da Ciência
http://www.casadaciencia.ufrj.br/
Foi criada oficialmente pelo Conselho Universitário em junho de 1995. Tem o objetivo de promover a divulgação e a popularização da ciência e da tecnologia, destacando suas interfaces com a cultura e a arte, de forma interdisciplinar e participativa. Realiza e promove exposições e mostras temporárias e/ou itinerantes, seminários, ciclos de debates e atividades de divulgação científica, artísticas, cênicas e audiovisuais. Também atua em programas e projetos, consultorias, assessorias, cursos de formação, treinamentos, estágios, em colaboração como unidades da UFRJ e/ou em convênios com outras instituições.
Editora UFRJ
Foi instituída em 1986. Tem como finalidade a publicação impressa e em mídia eletrônica de obras de conhecimento técnico, científico, cultural, artístico, literário e didático produzidas por autores brasileiros ou estrangeiros, clássicos ou contemporâneos. A Editora procura também apoiar a difusão dos periódicos científicos e a produção acadêmica e cultural de grupos de pesquisa, departamentos, programas, unidades e centros da UFRJ.
Sistema de Bibliotecas (SiBI)
Foi constituído em 1990. Tem como objetivo coordenar o funcionamento sistêmico das bibliotecas da UFRJ, assegurando sua integração à política educacional e administrativa, com o intuito de disseminar a produção acadêmica e científica da universidade. Entre suas atividades estão a promoção do tratamento, registro, guarda, preservação e difusão dos acervos das bibliotecas da UFRJ e o desenvolvimento de serviços e produtos de informação que atendam às exigências de relevância e rapidez do ensino, pesquisa e extensão.
Núcleo de Rádio e TV
Foi concebido e estruturado na Superintendência de Comunicação, TV e Rádio (Supercom) do FCC, constituída em 2013. O objetivo da Superintendência é elaborar, promover e coordenar a implantação de políticas, planos, programas e projetos voltados para a Comunicação Social. O Núcleo de Rádio e TV, por meio de plataformas integradas, surge para promover e favorecer o acesso de todos os integrantes da comunidade tanto à informação institucional e não institucional quanto aos meios que lhes permitam gerar e difundir conteúdos diversificados.
O Núcleo está iniciando uma parceria com a EBC para colocar a rádio FM no ar, para operar em parceria no Rio de Janeiro. E, a partir disso, poder pensar no canal de televisão, inicialmente, tambémcom acordo de cooperação com a EBC. A prioridade é colocar a rádio no ar, ter uma rádio FM até 2019. No momento, está no início de um processo de desenvolvimento de projetos, em parceria com a EBC, para a programação da TV Brasil para que, em breve, seja possível um canal de televisão próprio.
Sistema Integrado de Museus Acervos e Patrimônio Cultural da UFRJ (SIMAP)
O SIMAP tem como objetivo facilitar o acesso aos conjuntos documentais por meio de projetos voltados para a divulgação, como a inclusão de museus virtuais, garantindo a abertura das consultas às fontes de pesquisa a partir de qualquer ponto do território nacional e do mundo. Para a implantação desse sistema, foi criado oGT do SIMAP, que reúne representantes da coordenação do FCC, da Divisão de Preservação de Imóveis Tombados (DIPRIT), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Casa da Ciência, Sistema de Bibliotecas e Informação (SIBI), Superintendência de Difusão Cultural do FCC, Museu da Geodiversidade e Museu Nacional.A UFRJ tem a obrigação de preservar o patrimônio e a memória cultural, científica e tecnológica brasileira contidos em seus acervos e arquivos. O SIMAP surge como meio de sistematização desse processo.
Universidade da Cidadania (UC)
A UC foi criada em 2013. Surgiu sob o impulso do processo de democratização da universidade com o objetivo de promover o diálogo, intercâmbio e transmissão de conhecimentos técnicos e científicos para movimentos e organizações da sociedade, assim como com servidores públicos, nos três níveis federativos. A UC reforça o compromisso da UFRJ com a construção de um Estado democrático e uma sociedade civil organizada, consciente e atuante. Além de promover ações e eventos diversos, realizados em diálogo com a comunidade universitária e a cidade, também tem o objetivo de promover cursos presenciais e à distância. A UC se estrutura em duas unidades: a Escola Superior da Cidadania, voltada prioritariamente para a sociedade civil, e o Centro de Formação Permanente para o Setor Público, voltado para a qualificação e atualização de servidores públicos.
Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE)
O CBAE foi criado oficialmente em 2004, nos moldes dos institutos de estudos avançados. Tem como objetivo fomentar pesquisas de ponta e favorecer o intercâmbio científico, cultural e artístico, em âmbito nacional e internacional, acolhendo pesquisadores nacionais e estrangeiros. O CBAE conta com cátedras e programas permanentes, em busca de consolidação e instalação do Centro de Referência da Memória dos Movimentos Sociais e das Lutas do Povo Brasileiro, do Programa Diversidade Linguística no Brasil, da Cátedra História Social da Ciência no Brasil edo Programa Brasil Visto de Fora (foco nos estudos sobre o Brasil no exterior). Também promove seminários, debates e eventos científicos compatíveis com seus objetivos e desenvolve o projeto Movimentos Sociais e Esfera Pública no Brasil.
Museu Nacional (MN)
http://www.museunacional.ufrj.br/
O MN completou 200 anos em 2018, reconhecido como o museu mais antigo do Brasil. Foi fundado por D. João VI, em 6 de junho de 1818, com o objetivo de atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico no país.Está sediado na Quinta da Boa Vista, num palácio onde reúne os maiores acervos científicos da América Latina, além de ter laboratórios de pesquisa e cursos de pós-graduação. As peças que compõem as exposições abertas ao público são parte dos 20 milhões de itens das coleções científicas conservadas e estudadas pelos departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Invertebrados, Vertebrados, Geologia e Paleontologia.
Clécia Oliveira
Jornalista
Fotos: Eneraldo Carneiro