Exposição sobre Antártica é a primeira inaugurada pelo Museu Nacional após incêndio

 

Mostra acontece pouco mais de 4 meses depois do acidente e vai até o dia 17/5

Depois de 4 meses do incêndio que atingiu mais de 90% de seu acervo, o Museu Nacional (MN) inaugurou no dia 16 de janeiro, a exposição Quando Nem Tudo Era Gelo: Novas Descobertas no Continente Antártico. A mostra é uma parceria com o Centro Cultural Museu Casa da Moeda e está aberta ao público de 17/01 a 17/05.

Inicialmente planejada para ocorrer no Museu, a exposição teve de ser adaptada depois do acidente. Não apenas pelo espaço, mas pela perda de parte considerável do acervo que comporia a mostra.

Ainda que com dificuldades, a equipe do MN e a organização da exposição não cogitou seu cancelamento. Dias após o incêndio, a direção do Museu Casa da Moeda do Brasil ofereceu o espaço da instituição para receber o projeto. Uma iniciativa simbólica uma vez que o prédio da instituição foi a primeira sede do Museu Nacional e o primeiro museu do país, fundado em 1818 como Museu Real.

A exposição 

Quando Nem Tudo Era Gelo traz o resultado de quatro expedições de pesquisadores do Museu Nacional à Antártica, realizadas entre 2015 e 2018, e mostra um outro lado do continente, diferente do que ocupa o imaginário popular, em um cenário de muito frio, neve e gelo. A exposição apresenta uma Antártica tropical, de 70 milhões de anos atrás, totalmente diferente de sua configuração  atual. Recém separada da América do Sul, o continente abrigava uma variedade exuberante de fauna e flora, com temperaturas mais amenas e não apenas o clima glacial característico da região hoje.

A Exposição faz parte do Programa Antártico-brasileiro e é financiada pelo Projeto PALEOANTAR, do Museu Nacional. O acervo é inédito e traz alguns feitos inéditos de exposições organizadas pelo museu. É o caso da réplica de um animal pré-histórico, reproduzida em uma peça de 7 metros de comprimento: a maior já exposta pelo Museu até hoje. Outra atração inédita é o iceberg que aloca animais antárticos em uma das salas da mostra, sendo a maior peça cenográfica já produzida pelo MN.

Do acervo inicialmente planejado, a exposição apresenta ao público apenas 5% dos itens. Alguns recuperados nos escombros do incêndio, outros oriundos de laboratórios localizados no prédio anexo do Museu, não atingido pelas chamas. O espaço também deve de ser repensado já que no Museu a exposição ocuparia 100 m². Com a realocação no Museu da Casa da Moeda, a área disponível passou a ser de 160 m².

“Trabalhamos duro, sem as condições que tínhamos antigamente, sem aparelhos que tínhamos antigamente, mas com uma força e perseverança ímpar da equipe do MN e do Museu Nacional da Casa da Moeda”, destacou Juliana Sayão, paleontóloga e curadora da exposição.

O resultado do esforço é uma exposição com peças e materiais inéditos, de diferentes tipos e tamanhos e com uma variedade que chama atenção, desde fósseis microscópicos de animais, vegetais e moluscos a réplicas de dinossauros e animais enormes, incluindo ainda registros e utensílios utilizados pelos pesquisadores nas expedições.

Analisando o impacto das expedições e da exposição, Juliana lembrou da responsabilidade envolvida em ações científicas como expedições exploratórias no continente antártico. “Durante o cumprimento de pesquisa na Antártica, o Brasil passa a ser responsável por aquela área. Nós hasteamos a bandeira porque e a partir de então nós somos os representantes do Brasil ali e precisamos preservar esse local”, explicou.

Juliana Sayão salientou ainda a importância da exposição e do museu para aproximar a produção científica da sociedade. “Mostrar para a população que o Museu está vivo e que consegue ainda transmitir todo a pesquisa e o esforço que é feito em outras áreas, com a pós-graduação do Museu, sob forma de exposições”, disse.

Mais que um renascimento, a exposição, aberta ao público nesta quinta-feira, é um passo importante na luta de recuperação do Museu Nacional e mostra a capacidade de sobrevivência da instituição, apesar do pouco investimento público feito ao longo dos últimos anos. “É fundamental entender que o Museu Nacional continua vivo, gerando pesquisa com diversos parceiros”, alertou Alexander Kellner, diretor do museu.

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Serviço

Data: 17/01 a 17/05

Horário: Terça a sábado – 10h às 16h / Domingo – 10h – 15h

Local: Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil (Praça da República – nº 26 – Centro)

Entrada franca


Texto e edição: Victor Terra / Jornalista do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ

Fotos: Raphael Pizzino / CoordCom UFRJ

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