Filosofia indiana em pauta
Entre os dias 17 e 21 de agosto, professores e cientistas de diferentes partes do mundo conversaram sobre espiritualidade, mente e corpo no I Seminário Internacional de Consciência, Mente e Corpo: Perspectivas Orientais e Ocidentais. Realizado pelo Laboratório de Estudos da Índia e Ásia do…
Entre os dias 17 e 21 de agosto, professores e cientistas de diferentes partes do mundo conversaram sobre espiritualidade, mente e corpo no I Seminário Internacional de Consciência, Mente e Corpo: Perspectivas Orientais e Ocidentais. Realizado pelo Laboratório de Estudos da Índia e Ásia do Sul (Leias/UFRJ) e pelo Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (Eicos/UFRJ) – ambos do Instituto de Psicologia – o evento procurou ressaltar a importância da cultura e dos estudos orientais inseridos na saúde mental e associados à medicina ocidental.
O guru tailandês Dharmanidhi Sarasvati iniciou as palestras do primeiro dia relatando as mudanças dos conceitos de mente e consciência nas filosofias indianas. Segundo ele, na tentativa de entender a relação entre mente e corpo, a evolução da filosofia indiana gerou o Tantra que, julgado como algo que deixava a mente vazia, por anos esteve associado ao hedonismo e à magia negra. Na verdade, explicou Sarasvati, o Tantra auxilia na meditação: “Se a mente fosse um objeto, como propunham os gregos e fenícios, ela não seria capaz de relaxar e até de desaparecer por alguns momentos, o que pode ser alcançado depois de muitos exercícios”, disse o guru.
Atualmente, os estudiosos do Tantra afirmam que a visão da Psicologia moderna como a pioneira nos estudos sobre a mente está equivocada. O contato entre Oriente e Ocidente mostrou que, no norte da Índia e no Tibet, há mais de mil anos já se pensava a relação entre consciência, mente e corpo.
No segundo dia, o professor Armando Ribeiro das Neves Neto, da Universidade de São Paulo (USP), ministrou uma palestra sobre a importância da Medicina oriental como alternativa ao tratamento paliativo baseado em remédios da medicina do Ocidente. Para ele, práticas como massagem, homeopatia e acupuntura devem ser mais valorizadas, especialmente na área de Psicologia. Em seguida, o professor Alexander Moreira, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), apresentou sua linha de pesquisa em experiências de quase morte, mediunidade e reencarnação. Segundo ele, as experiências espirituais podem ajudar a compreender as relações entre mente e cérebro.
No terceiro dia de evento, o guru Dharmanidhi Sarasvati ministrou uma aula prática de Yoga Tantriko. Além de explicar os conceitos básicos do tantra, como o Ultimate Awareness – uma espécie de estado de iluminação espiritual –, Sarasvati orientou o público na realização dos exercícios de meditação. O dia teve ainda outras duas atividades: uma palestra do lama Karma Tartchin, representante do Centro de Budismo Tibetano do Rio de Janeiro, e uma mesa-redonda sobre variabilidade do nível de ansiedade no esporte. No sábado e no domingo, aconteceram cursos práticos relativos ao seminário.
Andrey Raychtock, Luís Felipe Sá e Yara Lopes
Estagiários de Jornalismo