Museu Nacional Inaugura a Exposição “Expedição Coral: 1865-2018”

A exposição foi aberta ao público no dia 6 de junho, data do bicentenário do Museu Nacional da UFRJ, localizado na Quinta da Boa Vista. A mostra reúne acervos de espécies que habitam os recifes de corais brasileiros e celebra a vanguarda científica e museológica do país. Até maio de 2019, o visitante está convidado a explorar os corais, ambientes coralíneos e seu estado de conservação desde o Brasil de Pedro II até os dias de hoje.

 

A exposição foi aberta ao público no dia 6 de junho, data do bicentenário do Museu Nacional da UFRJ, localizado na Quinta da Boa Vista. A mostra reúne acervos de espécies que habitam os recifes de corais brasileiros e celebra a vanguarda científica e museológica do país. Até maio de 2019, o visitante está convidado a explorar os corais, ambientes coralíneos e seu estado de conservação desde o Brasil de Pedro II até os dias de hoje.

“Expedição Coral: 1865-2018” apresenta exemplares da fauna dos recifes de corais do Brasil, telas interativas, instrumentos científicos e outras peças. Tem curadoria dos professores Clóvis Castro e Débora Pires, coordenadores do Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras desde 2006, por meio do Programa socioambiental, via edital público. A cenografia é assinada pelo estúdio M’Baraká.

A realização da atividade se tornou possível também com parceria do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade, em especial com a coordenação de identificação e planejamento de ações para a conservação, e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste-Sul. As instituições se uniram ao projeto desde a elaboração do Plano de Ação Nacional para Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais).

A exposição começa com o nascimento do Museu Nacional e segue para a descoberta dos recifes de corais brasileiros. Segundo Débora Pires, relatos de naturalistas daquela época já mencionavam o uso desenfreado de recursos naturais marinhos, inclusive, de espécies que, mais tarde, viriam a ser incluídas nas listas de espécies ameaçadas.  

Um dos destaques da mostra é uma revelação recente para a ciência. Em meio a um gabinete com dezenas de nichos, está o esqueleto de colônia centenária do coral Mussismilia braziliensis. A peça foi datada por meio de métodos de alta tecnologia que confirmaram sua coleta na Bahia, de 1865 a 1876, durante expedição relacionada ao naturalista canadense Charles Hartt, considerado pai da Geologia brasileira.

Hartt foi pioneiro no levantamento geológico do Brasil e dirigiu a Seção de Geologia do Museu Nacional, em 1876. Essa parte da exposição resgata o ambiente científico do século XIX. Apresenta o acervo do Museu Nacional constituído de instrumentos científicos, vidraria de laboratório, fotografias, ilustrações, fósseis, rochas e outros, além de itens da época das expedições da Comissão Geológica do Império. O material é uma referência para a museografia clássica.

Acervo, Interatividade e Arte

O pano de fundo da mostra é o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos. Um exemplar do peixe mero (Epinephelus itajara), taxidermizado, com mais de 2 metros de comprimento, chama a atenção para as espécies ameaçadas. Outras espécies-foco do PAN Corais também estão expostas em bordados, em meio líquido ou com o esqueleto seco.

FOTO 2. Tela interativa da exposicao Expedicao Coral 1865 2018 no Museu Nacional a partir de 6 de junho

Duas telas interativas objetivam sensibilizar o público quanto à preservação do meio ambiente. Em uma das telas, é possível jogar e compreender o impacto das ações das pessoas em ecossistemas, como banco de corais, banco de gramas-marinhas e manguezal. Na outra tela, o público pode tocar o mapa da costa brasileira para conhecer unidades de conservação, áreas prioritárias do PAN Corais e projetos conservacionistas. Entre eles, há os cinco projetos da Rede Biomar: Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Tamar, que são patrocinados pelo Programa Petrobras Socioambiental. Todos atuam de forma complementar na conservação da biodiversidade marinha do Brasil, trabalhando nas áreas de proteção e pesquisa das espécies e dos habitats relacionados.

No teto, há uma instalação de tecido e luz inspirada na topografia do Recife da Lixa, da região de Abrolhos, desenhada por Hartt. Uma série de exemplares de espécies marinhas dos recifes brasileiros está disposta sobre uma mesa onde também estão expostos uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), um baiacu taxidermizado e outros peixes, arcada de tubarão, conchas e ouriços. As janelas do salão da exposição estão encobertas por biombos vazados para que a luz solar deixe sombras inspiradas nas texturas do coral Mussismilia harttii: espécie encontrada somente no Brasil, chamada de Charles Hartt, em homenagem ao naturalista de mesmo nome.

Projeto Coral Vivo

O Projeto Coral Vivo atua em pesquisas, educação, turismo, formulação e acompanhamento de políticas públicas, comunicação e sensibilização para uso sustentável e conservação dos ambientes recifais e coralíneos do Brasil. O projeto começou a ser concebido no Museu Nacional desde 2003, como desmembramento de uma linha de pesquisa sobre a diversidade e biologia de corais recifais do Brasil. Hoje, é realizado por doze universidades e institutos de pesquisa. Está vinculado ao Instituto Coral Vivo, que é o coordenador executivo do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais). As ações do projeto são viabilizadas também pelo copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque e existe ainda um documento de pactuação sob coordenação geral do Cepsul/ICMBio. 

Os recifes de corais e ambientes coralíneos abrigam uma expressiva biodiversidade no mar. Em relação aos benefícios para o homem, por exemplo, é fonte de alimento e matéria-prima na produção de medicamentos, contribui com o turismo e proteção da costa. A estrutura tridimensional é construída pelo acúmulo infinito de esqueletos de animais e vegetais durante a sucessão ecológica. Geralmente, os corais são os seres que prevalecem. No caso do Brasil, o crescimento de outros organismos, como as algas calcárias, também pode assumir uma relevância igual ou maior que a dos próprios corais. 

Visitação: junho de 2018 a maio de 2019.

Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia) – para menores de 21 anos, maiores de 60 anos, estudantes em geral e professores da rede pública. Grátis para crianças de até 5 anos e pessoas com deficiência. Entrada franca para qualquer público todo segundo domingo de cada mês.

O Museu Nacional da UFRJ fica na Quinta da Boa Vista, S/N, São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ. Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 17h.

Outras informações: (21) 3938-1123 e www.museunacional.ufrj.br.

Clécia Oliveira

Jornalista

Veja mais

Se inscrever
Notifcar de
0 Comentários
Feedbacks Inline
Ver todos os comentários