“Muita gente não conhece o que a Universidade representa em termos de memória, de ação com o público e de cultura”

Criado a partir de 2013 e oficializado em 2018, o Simap – Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônio Cultural da UFRJ – está pronto para entrar em ação. “Foi um tempo grande de gestação e agora a gente pretende fazer com que todo esse planejamento decole”, resume a professora Claudia Rodrigues Carvalho, que coordenou o Grupo de Trabalho que desenhou o Sistema e, na nova gestão do Fórum de Ciência e Cultura, foi confirmada como coordenadora do Simap. Confira a entrevista completa.

Criado a partir de 2013 e oficializado em 2018, o Simap – Sistema Integrado de Museus, Acervos e Patrimônio Cultural da UFRJ – está pronto para entrar em ação. “Foi um tempo grande de gestação e agora a gente pretende fazer com que todo esse planejamento decole”, resume a professora Claudia Rodrigues Carvalho, que coordenou o Grupo de Trabalho que desenhou o Sistema e, na nova gestão do Fórum de Ciência e Cultura, foi confirmada como coordenadora do Simap. 

Um dos objetivos do Simap é tornar conhecidas a riqueza e diversidade do patrimônio cultural da UFRJ. “Dentro da própria universidade, o conhecimento é setorizado: algumas pessoas têm alguma noção da dimensão, mas não o detalhamento, e em cada centro ou unidade, conseguem reconhecer um pouco desse patrimônio. Mas esse conjunto e sua riqueza ainda é algo que precisa ser divulgado dentro e fora da UFRJ, onde muita gente não conhece o que a Universidade representa em termos de memória, de ação com o público, de cultura”, diz. 

Além de prédios históricos tombados, o acervo da UFRJ é constituído, entre outros, por espaços como a Casa da Ciência, o Museu da Geodiversidade, o Memorial Carlos Chagas e, claro, o Museu Nacional – que sofreu um grave incêndio em setembro de 2018 e está em longo processo de recuperação. “Tivemos esse episódio de sinistro no Museu e a segurança é uma questão que a gente precisa discutir no Simap”, afirma. Para Claudia, professora de Arqueologia, dar visibilidade ao patrimônio é fundamental.  “As pessoas precisam aprender a conhecer, a preservar. Não vou nem dizer que precisam aprender a gostar porque na hora que conhecem o patrimônio da UFRJ vão gostar, se encantar. Então, a gente precisa trabalhar por isso”, diz. 

Assista à entrevista completa:

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O que é o Simap?

É uma iniciativa para que a gente possa agrupar e discutir políticas para a área de patrimônio, memória e museus, e integrar esse acervo, no sentido mais amplo, ou seja, incluindo também os equipamentos culturais que a UFRJ tem. Os museus da UFRJ têm a ver de fato com a diversidade de mobilizações e ações ao longo da história da Universidade. Temos sob nossa responsabilidade um quantitativo importante de patrimônio edificado tombado. Pensar como isso pode ser mais bem gerido, trabalhado e usufruído pela Universidade, pelos alunos, docentes e população é uma das perspectivas do Sistema, trabalhando sempre de forma integrada e horizontal, no máximo que for possível, para que a gente possa fazer com que os participantes de cada elo dessa cadeia sejam também atores para construir essa política em conjunto.

O que são os espaços de ciência?

Espaços de ciência são centros culturais, áreas que têm participação acentuada do público, mas não necessariamente podem ser entendidos diretamente como museus, embora hoje o próprio conceito de museu seja muito mais amplo do que era há algumas décadas. Basicamente todos os espaços de divulgação científica da UFRJ se enquadram nessa versão mais aberta, mais elástica do que seria museu. Um zoológico, um aquário ou jardim botânico podem entrar nessa perspectiva. Da mesma forma, a gente espera trabalhar a musealização dos prédios históricos. Não é transformá-los em espaços eventualmente inacessíveis ou apenas de visitação, mas que a gente possa contar a história daquele prédio, trazer o visitante virtualmente ou presencialmente para dentro desse patrimônio que a gente tem.

Refere-se aos prédios tombados pelo Patrimônio Histórico?

A princípio, a gente vai trabalhar nesse conjunto dos prédios tombados. Mas a universidade tem uma trajetória de edificações que é mais rica do que aquilo que está tombado. Então, há a expectativa de trabalhar com outros prédios que, neste momento, não estão reconhecidos pelo patrimônio, mas têm trajetória importante para a memória da universidade e, eventualmente, para a da cidade. 

A comunidade acadêmica tem noção do patrimônio da UFRJ?

Dentro da própria universidade, o conhecimento é setorizado: algumas pessoas têm alguma noção da dimensão, mas não o detalhamento, e em cada centro ou unidade, conseguem reconhecer um pouco desse patrimônio. Mas esse conjunto e sua riqueza ainda é algo que precisa ser divulgado dentro e fora da UFRJ, onde muita gente não conhece o que a Universidade representa em termos de memória, de ação com o público, de cultura.

Quais são os maiores desafios do Simap?

A gente precisa colocar o sistema para funcionar, ser institucionalizado da forma mais gerencial possível, retomar os contatos, fazer o organograma básico e planejar as ações. O sistema não pode funcionar sem a gente ter ações, motivações com o público, começar a trazer as pessoas para o debate e para conhecer melhor todos esses equipamentos culturais que a universidade tem. A gente precisa fazer o Simap mostrar essa diversidade do patrimônio da UFRJ, começar a discutir as políticas do setor e pensar naquilo que a gente precisa enquanto instituição. Nós tivemos um episódio de sinistro recente, o incêndio do Museu Nacional. Segurança é uma questão que a gente precisa discutir. Recurso a gente precisa discutir sempre: como otimizar, mesmo nas situações difíceis e limítrofes que a gente consiga otimizar o ´máximo para dar visibilidade para todos esses equipamentos, que merecem ter visibilidade. Os desafios são tocar o sistema como ele foi pensado.

Fale sobre sua trajetória na UFRJ.

Comecei a trabalhar na UFRJ no Museu Nacional, na área de arqueologia biológica. Sou arqueóloga e tenho uma trajetória que trabalha com remanescentes humanos – esqueletos, múmias. Fiquei no meu setor, quietinha, por algum tempo. Depois disso, comecei a me interessar um pouco mais pelas atividades de extensão, pela área de gestão. Em 2010, me tornei Diretora do Museu Nacional e a partir daí houve de fato um casamento mais intenso com a UFRJ. Fui conhecendo toda a diversidade, toda essa riqueza que eu não conhecia quando entrei e passei alguns anos sem conhecer. Em 2012, quando o Fórum de Ciência e Cultura chama o Museu e outras instituições para começar a discutir cultura, e a gente descobre todo esse universo, foi o momento que eu me encantei de fato e vi que a gente tem algo absolutamente espetacular, que as pessoas precisam aprender a conhecer, a preservar. Não vou nem dizer que precisam aprender a gostar porque, na hora que conhecerem, vão gostar, se encantar. Então a gente precisa trabalhar por isso.

[Por Dentro do FCC] é uma série semanal de entrevistas que apresenta o Fórum e seus órgãos suplementares à comunidade universitária e à sociedade. Nelas, os participantes discutem os projetos e as expectativas de cada órgão para os próximo quatro anos de gestão.

Confira as edições anteriores da série: 
[Por Dentro do FCC] #1 Fórum de Ciência e Cultura, com Tatiana Roque 
[Por Dentro do FCC] #2 Superintendência de Difusão Cultural, com Adriana Schneider
[Por Dentro do FCC] #3 Museu Nacional, com Alexander Kellner 


Fotografia: Eneraldo Carneiro | FCC

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