Amanhãs Desejáveis: Colégio Brasileiro de Altos Estudos promove conferência internacional
O evento Amanhãs Desejáveis se inicia em 29 de abril de 2021, e se estende pelo mês de maio e início de junho. A Conferência acontece em um momento particularmente desafiador da história, e se apresenta à instituição, aos organizadores e aos palestrantes como uma oportunidade de ouro para mergulhar em uma reflexão crítica e no pensamento orientado para o futuro, em debates e propostas voltadas para produzir respostas tentativas aos desafios que enfrentamos hoje, e que enfrentaremos nos próximos anos e décadas.
Fundada em 1920, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) celebrou seu centenário em setembro do ano passado (2020). O momento foi conturbado. A pandemia COVID-19 desviou o plano original de realizar uma grande conferência internacional no velho estilo presencial, que teve de ser adiada. No entanto, acabou por trazer algo de bom.
O evento Amanhãs Desejáveis se inicia em 29 de abril de 2021, e se estende pelo mês de maio e início de junho. A Conferência acontece em um momento particularmente desafiador da história, e se apresenta à instituição, aos organizadores e aos palestrantes como uma oportunidade de ouro para mergulhar em uma reflexão crítica e no pensamento orientado para o futuro, em debates e propostas voltadas para produzir respostas tentativas aos desafios que enfrentamos hoje, e que enfrentaremos nos próximos anos e décadas.
A Conferência pretende discutir questões fundamentais, distribuídas por cinco painéis e uma sessão de encerramento:
Painel I – O Mundo Pós-COVID: Tendências e Desafios
Painel II – A Urgência da Mudança Social: Construção de um Futuro Sustentável e Equitativo
Painel III – Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Governança Ambiental, Desafio Global e suas Implicações
Painel IV – Inteligência Artificial e seu Impacto na Sociedade; Painel V: Fronteiras em Biotecnologia e Medicina
Painel V – Transição Energética – Um Desafio do Século XXI
Painel de Encerramento – Daqui para Onde? Geopolítica, Política, Tecnologia e Economia para um Mundo Pós-COVID
Em suma, esta conferência pretende tornar-se um marco neste esforço de reconstrução, engajando representantes importantes da UFRJ, da academia, da mídia, do governo e da sociedade civil na reflexão sobre múltiplos caminhos e opções políticas para uma sociedade pós-pandemia. Dada a variedade de possibilidades de futuros alternativos, mas também as restrições para sua materialização, a questão geral que cada painel deverá enfrentar é: como o ‘desejável’ e o ‘possível’ podem ser combinados?
Todos os horários da Conferência serão de Brasília (BRT Time).
Serão emitidos certificados e haverá tradução simultânea.
Clique aqui para se inscrever.
A programação completa da conferência segue abaixo:
Emergindo de janeiro a fevereiro de 2020, a pandemia do coronavírus paralisou o planeta em semanas. Infectou a população e injetou uma enorme incerteza no sistema global. Trata-se de um fenômeno sem precedentes: crise da saúde, crise econômica, polarização social e política, crise de governança global, cooperação e confiança. O objetivo desse painel é discutir alternativas para os atuais múltiplos descontentamentos, suas fontes, e as discordâncias sobre como corrigi-los, através do estabelecimento de pontes interdisciplinares, de alternativas políticas e de reforma institucional. Há uma enorme janela para “movimentos de contra-ataque político” de natureza de esquerda e especialmente de direita.
O “Frankenstein político” tem sido equipado pelas grandes plataformas de mídia social e redes de televisão com os instrumentos para se tornar um movimento global de massa. Em suma, os andaimes sociopolíticos do capitalismo ocidental podem estar em jogo, o que adiciona uma dimensão geopolítica à crise atual. Está ficando claro que há uma crescente divisão leste-oeste em múltiplas frentes, da capacidade do Estado à resiliência econômica, à confiança social e comportamento, no que diz respeito à liderança política. Não só a hegemonia dos EUA está diminuindo e a China inequivocamente em ascensão, mas a confiança tanto no liberalismo ocidental quanto na própria democracia liberal está sob cerco.
Os Institutos de Futuro oferecem contribuições estratégicas ao debate: (i) a crescente compreensão dos riscos do abuso do planeta e da desigualdade entre e dentro das nações como fontes de novas pandemias, de instabilidade econômica, convulsão social e mudanças climáticas; (ii) o surgimento de surpreendentes tendências científicas e tecnológicas, que relativizam certezas aparentes – que tecnologias (bio, cibernética e IA) abrem um futuro benigno sem o ameaçar com desvantagens catastróficas?; iii) o conceito de resiliência – capacidade (do corpo humano, cidade, floresta tropical) de recuperar-se de falhas e continuar funcionando, combinando a capacidade de permanecer o mesmo e a capacidade de mudar o suficiente para sobreviver; a interdependência de um mundo conectado e a importância da política e das políticas para sobreviver às ameaças; e, finalmente, o papel das universidades e da academia como lugares-chave para o crescimento e disseminação do conhecimento e da cooperação intelectual interdisciplinar. Como os amanhãs desejáveis podem ser cruzados com/fertilizados pelos amanhãs possíveis.
Este painel terá a participação de dois convidados. O Professor Apostolis Koutinas focalizará o desenvolvimento de bioprocessos e biorrefinamento, bem como avaliação de design de processos e avaliação técnico-econômica. Serão mencionados métodos de inovação em bioprocessos e sustentabilidade na produção de substâncias químicas, incluindo polímeros, num contexto circular. Ouviremos de jovens pesquisadores buscando alternativas novas em parcerias internacionais. A Professora Anna Rubbo lidera a segunda sessão falando sobre grandes cidades e seu desenvolvimento sustentável. Ouviremos mais cinco pesquisadores da UFRJ cujo trabalho está centrado em melhorias nas áreas humanas buscando amanhãs melhores.
Quais os caminhos para as sociedades sustentáveis? Quais são as questões éticas que precisarão ser abordadas em relação à agenda socioambiental? Quais os obstáculos para as agendas climáticas e da biodiversidade? Como poderão ser superados e integrados? Quais os novos padrões de governança global dessa agenda? Que estratégias globais precisam ser adotadas para o Acordo Verde (green deal)? Quais os caminhos de uma economia de baixo carbono? Até que ponto a afirmação da agenda socioambiental representa uma salvaguarda e/ou garantia para os ‘Amanhãs Desejáveis’?
A biodiversidade e os ecossistemas são considerados parte da solução para os desafios planetários: mudanças climáticas, desertificação, risco de desastres, pobreza e surtos de doenças. O Brasil é uma potência biocultural, abriga a maior biodiversidade do mundo e uma notável diversidade cultural. O Brasil detinha um histórico respeitável na diplomacia global (Rio92, Rio+20), Nagoya (2010), e Acordo de Paris (2015). O enfraquecimento do apoio às às instituições ambientais desafia a liderança diplomática do Brasil e sua diversidade biocultural. “Quão sustentável é a sustentabilidade?” Como é possível combinar diferentes visões de mundo? Procuraremos compreender como os pesquisadores da UFRJ em parcerias internacionais, que estão respondendo a estes desafios.
Redes neurais artificiais são usadas para aplicações como monitoramento facial, tradução de idiomas e previsão do tempo. O painel pretende reavaliar o futuro da IA: colaboração com humanos e ou concorrência com eles? O objetivo deste painel é discutir desafios da introdução da IA em nossa sociedade: colaboração; ética; aceitação e limites; diretrizes para a cooperação entre humanos e entidades artificiais (software ou robôs); questões éticas e jurídicas; as características dos seres humanos, como inteligência, criatividade e imprevisibilidade.
A biotecnologia tem alcançado progressos sem precedentes neste milênio, mas alguns desafios ainda precisam ser enfrentados. Questões como a preservação de nossos recursos naturais e a geração de benefícios equitativos para todos os países e pessoas do mundo são temas imprescindíveis sobre este debate. Esse painel tem como objetivo abordar as possibilidades da terapia genética, bem como seus avanços nos últimos anos; discutir necessidades importantes das sociedades modernas, tendo em vista o envelhecimento da população humana; e revelar algumas experiências nacionais e internacionais de inovação em Saúde Digital aplicadas ao COVID, discutindo lições aprendidas e revelando os obstáculos para sua aplicação de maneira mais ampla.
A biotecnologia tem alcançado progressos sem precedentes neste milênio, mas alguns desafios ainda precisam ser enfrentados. Questões como a preservação de nossos recursos naturais e a geração de benefícios equitativos para todos os países e pessoas do mundo são temas imprescindíveis sobre este debate. Esse painel tem como objetivo revelar experiências de pesquisa em parcerias internacionais acontecendo hoje para um amanhã melhor. Vamos procurar entender, com base em conceitos sustentáveis, como a biotecnologia poderá integrar questões de sustentabilidade como ferramenta para tratar desafios atuais e novos que surgirão. O maior foco será nas questões de biotecnologia de saúde, Saúde Digital. A bioinformática está sendo empregado para enfrentar a tuberculose, a doença de Alzheimer, e para o desenvolvimento de vacinas para SARs-CoV-2 e dengue. Todos necessário para amanhãs melhores.
Complexo, multidimensional e permeado de incertezas, o tema da transição energética se liga fundamentalmente ao comportamento e aos hábitos da população; e se viu dotado de relevância ainda maior com a ressignificação do debate sobre os limites da expansão do sistema industrial e a identificação do risco do aquecimento global. Assim, tal temática adquire contornos cada vez mais decisivos na medida em que implica numa miríade de inovações sociais e tecnológicas, que exigem uma profunda reorganização das cadeias produtivas do sistema industrial e das próprias instituições nacionais e globais. O Painel Transição Energética pretende, portanto, explorar e buscar soluções para os distintos desafios sociais, econômicos, tecnológicos e geopolíticos da transição no que se refere ao caso brasileiro. Examinará, com este intuito: as oportunidades e desafios colocados por tal transição; os instrumentos econômicos para gestão ambiental; os efeitos da pandemia do COVID-19 sobre a questão energética; e a cooperação tecnológica no contexto da crise climática.
A contínua turbulência relacionada à pandemia vem engendrando desafios consideráveis, presentes e futuros, para países, estados, empresas, organizações sociais e políticas. No entanto, essa crise multifacetada também gerou um conjunto de oportunidades para reconstruir nosso ambiente natural, social e econômico. Em primeiro lugar, o atual ‘nacionalismo de vacina’ deve ser evitado e revertido se quisermos chegar a um conjunto de ‘amanhãs’ melhores do que nossos dias atuais e anteriores. Além disso, as iniciativas de mudança climática, bem como os avanços em biotecnologia e telemedicina, não só merecem disseminação global, mas também devem atingir um nível mais alto de compromisso, conforme refletido em pesquisas científicas, inovações e investimentos por todas as partes interessadas, especialmente os países mais ricos. Ademais, a revisão atual das restrições macrofinanceiras públicas a fim de financiar as múltiplas reconstruções à frente deve se solidificar; mas, ao mesmo tempo, as implicações do “dinheiro grátis” e da crescente dívida privada para a fragilização financeira não devem ser subestimadas. Em suma, se estamos visando ‘Desejáveis amanhãs’, a agenda à nossa frente é extremamente complexa e cheia de incógnitas. O progresso genuíno exigirá uma cooperação internacional massivamente melhorada, bem como um nível muito mais alto de envolvimento do Estado através de suas distintas capacidades e enraizamento social.