Em 1985, o Fórum ressurge com a intenção primeira de romper com o silêncio instaurado pela ditadura nos anos anteriores. A primeira ação de Márcio Tavares d’Amaral, então coordenador, foi extinguir a Câmara de Estudos Brasileiros e criar os Programas Transdisciplinares IDEA e ARTE E PALAVRA, voltados para a exploração dos limites da ciência e do conhecimento humano.
Márcio Tavares d’Amaral criou um programa editorial, pelo qual foram produzidas duas revistas: IDEA, com apenas uma edição, e Arte e Palavra, com quatro edições. A Revista IDEA surge com o intuito de ampliar as bases de convivência entre estudiosos para os quais uma ordem de reflexão menos especializada constitua um apelo concreto.
A revista Arte e Palavra foi o lugar em que a equipe de estudos interdisciplinares do Fórum pretendeu pensar questões emergentes na teoria e nas práticas culturais. Na 1ª edição da revista, o problema da crítica aparece como questão preliminar em que a diferença entre pensamento e teoria pode se evidenciar enquanto busca de uma palavra radical.
A segunda edição de Arte e Palavra esboçou o “espaço poético” como reflexão. Por espaço poético deve-se entender o espaço da própria criação. Nela, a raiz do sentido da poesia assume a essência do fazer. A obra não se encontra no mundo como um objeto entre outros. Em seu movimento, a obra é a abertura de mundos, o lugar não marcado de espaços inauditos.
O terceiro número da revista concentra-se no “silêncio”. Em suas manifestações culturais mais expressivas, o século XX colocou historicamente o silêncio como palavra de uma duplicidade, ora valorizando-o como elemento de toda fala, ora negando-o como busca de uma nova fala.
O quarto número da revista concentra-se no mito de Orfeu. Por que Orfeu? Porque é o mito, por excelência, da criação. Suas versões datam do momento histórico em que a Grécia começa a se separar de seus mitos, criando uma mitologia, a partir da qual o mito passará a ser experimentado, historicamente, como simples “lógica alegórica” de uma realidade filosófica, religiosa e poética.
Em 25 de abril de 1986, o Fórum promoveu o concerto Marilia de Dirceu, com lançamento do disco “Marilia de Dirceu: Modinhas do Século XVIII, com Ana Maria Kieffer (canto) e Gisela Nogueira e Edelton Gloeden (violão).
O evento Artaud, sob a coordenação de Carole Gubernikoff e Carlos Escobar, contou com a participação da editora francesa Paule Thévenin, grande responsável pela edição das obras do dramaturgo Antonin Artaud.
O espetáculo O Olhar de Orfeu, de Beto Tibaji, com direção de Antonio Guedes, foi apresentado em duas etapas: Um esboço do olhar de Orfeu, na Capela de São Pedro de Alcântara e O Olhar de Orfeu, em um dos jardins internos do Palácio Universitário, em 1988.
A valsa nº 6 de Nelson Rodrigues, com direção de Antônio Guedes e atuação de Angela Leite Lopes, fez temporada no Salão Vermelho do Palácio Universitário, em 1989.
As atividades eram divulgadas através de cartazes, distribuídos nos campi da UFRJ.
Os cursos de Extensão apresentaram marcantes discussões: sobre a Constituinte, como o curso de Bernardo Cabral; sobre as novas subjetividades e sobre a Antropologia do Espaço Urbano que contou com a participação, dentre outros, de Oscar Niemeyer, Milton Santos, Lygia Pape, Lygia Clark e Muniz Sodré.
Conferência Antropologia do Espaço Urbano
Durante a sua conferência, Oscar Niemeyer colocava papel no cavalete e ia desenhando enquanto falava. Assinava, rasgava e jogava no chão. Quando terminou a palestra o público correu para pegar os papéis assinados por ele.
Ao longo dos anos 80 vivemos um período de transição por onde se constrói, a duras penas, as vias para a democracia brasileira. Em 1985, após 25 anos de ditadura militar, temos a primeira eleição para presidente da república. Depois da decepção pela não aprovação das eleições diretas temos o presidente Tancredo Neves eleito por via indireta em um colégio eleitoral. Porém, ele não chega a assumir efetivamente. Morre em 21 de abril de 1985, três meses depois da eleição, ficando em seu lugar o vice José Sarney. Mesmo assim, apesar dos percalços da nossa democracia, três anos depois, em 5 de abril, foi promulgada a constituição de 1988 que substituiu a constituição autoritária do regime ditatorial militar.
O ano de 1985 tem também como marco a retomada do Fórum de Ciência e Cultura, que renasce tendo como presidente o Reitor Horácio Macedo e o coordenador Márcio Tavares d’Amaral engajado no processo de redemocratização e na retomada do processo de produção do conhecimento científico e da cultura em geral.
Reitor Prof. Horácio Cintra de Magalhães Macedo – 1985 a 1998
Horácio Macedo (*1925 | +1999), químico industrial pela Universidade do Brasil em 1943, foi nomeado professor de Físico-Química da Escola Nacional de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1953. Criou o projeto de implementação dos cursos de Engenharia Química e Química Industrial, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1966). Ocupou o cargo de Decano do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (1982 – 1985). Foi o primeiro Reitor eleito por meio do voto direto da história da Instituição e das Universidades Federais do país em 1985, após a ditadura Civil-Militar. Horácio foi um grande líder carismático para a comunidade acadêmica da UFRJ, tendo grande importância nas lutas estudantis, na defesa do ensino público e gratuito e na autonomia universitária.
Reitor, em exercício, ProfºAlexandre Pinto Cardoso – 1998 a 1990
Alexandre Cardoso, médico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1972, mestre e doutor em pneumologia, também pela UFRJ. Ingressou no magistério em 1978, e no mesmo ano foi um dos responsáveis pela criação do setor de Pneumologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), do qual também foi diretor (2006 – 2009). No Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, é dirigente da Câmara Técnica de Pneumologia e membro da Comissão de Ensino Médico.
Profº Marcio Tavares d’Amaral
Márcio Tavares possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1970), mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1974) e doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981). Fez pós-doutorado em Filosofia na Universidade de Paris V – Sorbonne Sciences Humaines. Foi Secretário de Cultura no Ministério de Educação e Cultura durante a gestão de Eduardo Portella (1979 a 1985). Atualmente é professor emérito da UFRJ, atuando como colaborador, tanto na graduação como na pós-graduação da ECO-UFRJ, e como coordenador do Programa IDEA/Laboratório de História dos Sistemas de Pensamento, desenvolvendo pesquisas nas áreas de Comunicação, História, Filosofia e Religião. Desde 2012, dedica-se à escrita dos nove volumes da coletânea “Os Assassinos do Sol – uma história dos paradigmas filosóficos”, dos quais cinco já se encontram publicados pela Editora UFRJ. Em 2020, em função da pandemia, escreveu e publicou, também pela Editora UFRJ, o livro “Seis ensaios da Quarentena”.
Museu Nacional
Editora UFRJ
Biblioteca Central
Programa Transdisciplinar de Estudos Avançados – IDEA
Coordenação Científica
Coordenador – Luiz Felipe Baeta Neves (Historiador e Antropólogo)
Mário Novello (Cosmólogo)
Antônio Paes de Carvalho (Biomédico)
Alfredo Tiomno Tomalsquin (História da Ciência)
Coordenação Cultural
Coordenadora: Márcia Sá Cavalcante (Núcleo de Literatura)
Carole Gunbernikoff (Núcleo de Música)
Ângela Leite Lopes (Núcleo de Teatro)
Evandro Salles (Núcleo de Artes Plásticas)
Nízia Villaça (Núcleo dos Cursos de Extensão)
Chefe de Cerimonial
Jehovah de Arruda Câmara
Suzana de Miranda Leão
Administração
Gilson Pedro Barbosa
Lucia Helena Ferreira Azevedo
Secretaria
Júlia Elizabeth T. Livramento (Chefe)
Gilda Paz de Carvalho
Seção de Ensino
Leticia Antão de Souza
Maria Amelia Lima Trabullo
Tradutora
Irany Vaz
Seção de Pessoal
Nilton da Silva Marques
Solange Perosini
Setor Financeiro
Jorge Alberto de Oliveira
Lilian Rocha Faria
Compras
Maria Fernanda Marques Lamêgo
Capela
Maria Paulina Souza Lomba
Coordenador
Marcio Tavares d’Amaral
Editor
Luiz Felipe Baêta Neves Flores
Editores Executivos
Aluízio Ramos Trinta
Irene C. de M.H. de Medeiros Portela
Conselho Editorial
Adriano Duarte Rodrigues, Carlos Alberto Messeder Pereira, Célio Garcia, Francisco Antonio de Moraes Accioli Doria, Heloisa Buarque de Holanda, Henri-Pierre Jeudy, Isaías Costa, Jean Baudrillard, Jean-Pierre Dupuy, Luiz Felipe Baêta Neves Flores, Márcio Tavares d’Amaral, Mario Perniola, Michel Maffesoli, Roberto Mauro Côrtes Motta, Virgílio Costa.
Conselho Editorial
Angela Leite Lopes
Carole Gubernikoff
Emmanuel Carneiro Leão
Maria Cristina Salomão de Almeida
Marcio Tavares d’Amaral
Nizia Villaça
Editor responsável
Márcia C. de Sá Cavalcante
Programa Editorial
Sub-Reitoria de Ensino para Graduados e Pesquisa / SR-2
Paulo Alcântara Gomes
Coordenação do Programa Editorial
Ligia Vassalo
Lúcia Canedo
Desenho de capa
Pietro Fortuna – La você Persa (1984)
Projeto gráfico
Tice Mousinho
Impressão
Gráfica Bazin
Composição
P.J. Composições Gráfica
Foto-letra
Renarte
Projeto Gráfico
Nathalia Cavalcante
Composição
Beth Composer
Ilustração de capa
René Char
Projeto Gráfico
Nathalia Cavalcante
Composição
Filme e Papel Produções Gráficas Ltda
Projeto Gráfico
Nathalia Cavalcante
Composição
Composystem Criação e Composição Ltda
Apoio: Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB)