Um ano após incêndio, Museu Nacional faz balanço, anuncia parcerias e projeta reinauguração parcial em 2022

O Museu Nacional (MN) já tem data prevista para reabrir: 2022. A intenção da reitoria da UFRJ é que, até lá, parte do prédio esteja recuperada e acessível ao público para comemorar o bicentenário da Independência do Brasil. Segundo Alexander Kellner, diretor do MN, as obras emergenciais já chegaram ao fim e a fase de reconstrução da fachada e da instalação do telhado definitivo vai ser iniciada ainda ainda este ano. A recuperação completa está prevista para 2025, mas já em 2020 a pretensão é “reinaugurar a área administrativa e acadêmica do Museu para melhorar a infraestrutura das atividades de pesquisa, ensino e extensão”, afirmou a reitora Denise Pires de Carvalho, em coletiva realizada na última semana (28/08).

O Museu Nacional (MN) já tem data prevista para reabrir: 2022. A intenção da reitoria da UFRJ é que, até lá, parte do prédio esteja recuperada e acessível ao público para comemorar o bicentenário da Independência do Brasil. Segundo Alexander Kellner, diretor do MN, as obras emergenciais já chegaram ao fim e a fase de reconstrução da fachada e da instalação do telhado definitivo vai ser iniciada ainda ainda este ano. A recuperação completa está prevista para 2025, mas já em 2020 a pretensão é “reinaugurar a área administrativa e acadêmica do Museu para melhorar a infraestrutura das atividades de pesquisa, ensino e extensão”, afirmou a reitora Denise Pires de Carvalho, em coletiva realizada na última semana (28/08). 

Um ano após o incêndio e depois de muitos avanços, a direção do MN apresentou o balanço das ações em curso: projetos de recuperação estrutural, doações recebidas, futuras parcerias e o resultado parcial dos trabalhos de resgate. “A resiliência e a dedicação do corpo social do Museu Nacional demonstram para a sociedade brasileira o que a UFRJ é capaz de fazer; o seu envolvimento com a educação, a ciência e a tecnologia que fazem o Brasil avançar”, disse a reitora. Para Kellner, a ocasião é “oportunidade de mostrar para o mundo que nós podemos fazer diferente. Cabe a nós essa iniciativa”, referindo-se tanto à UFRJ quanto à sociedade brasileira de modo geral. 

O diretor destacou a importância da recuperação física não apenas das estruturas que abrigavam as exposições, mas dos laboratórios atingidos pelas chamas. Na ocasião, foi anunciada a aquisição de um terreno próximo ao Museu, cedido pelo governo federal. No local, serão construídos o campus Cavalariças e um centro de atividades educacionais. Até a ocasião do acidente, ocorrido em 2 de setembro de 2018, o Museu recebia cerca de 600 escolas e 20 mil alunos por mês, sem contar o público de atividades não-escolares. 

Resgate em curso  

Desde o dia do incêndio, pesquisadores e funcionários do Museu atuam no resgate de peças atingidas pelo fogo. Coordenado pelas professoras Claudia Carvalho e Luciana Carvalho, o  Núcleo de Resgate conta com 46 pesquisadores além de voluntários e é o grande responsável pela salvamento – ainda que parcial – do Museu. 19% das coleções não foram atingidas, 35% continuam tendo peças resgatadas e 46% foram perdidas em parte ou na totalidade. Atualmente o processo de resgate está na terceira etapa. Mais de 4.000 agrupamentos – muitos deles com centenas de itens – já foram catalogados, porém ainda há muito a fazer. 

“O trabalho do resgate ainda vai durar muito tempo, mas nós gostaríamos de agradecer a esta comunidade que têm se esforçado para poder salvar um pouco da memória, que não é só do Museu Nacional ou da UFRJ, mas que alcança o mundo. Nós estamos salvando o patrimônio mundial”, reforçou Luciana Carvalho. 

Doações e recursos

Apesar dos graves problemas decorrentes do contingenciamento de verbas para universidades públicas, a recuperação vem sendo possível  graças ao aporte de recursos realizados por entidades nacionais e internacionais – algumas delas apoiadas no projeto Museu Nacional Vive. Entre as doações feitas por pessoas físicas e jurídicas, através da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN) já foram mais de R$ 350.000 arrecadados – recursos que têm sido diretamente aplicados em ações de resgate do acervo. 

O Ministério da Educação (MEC) liberou  R$ 16 milhões, dos quais R$ 8,9 milhões já foram aplicados em obras emergenciais – 908,8 mil  para a recuperação da fachada e instalação do telhado provisório. Os outros R$ 5 milhões serão geridos pela UNESCO. O órgão internacional será responsável pela reconstrução interna do palácio  e pela elaboração de projetos conceituais de novas exposições, de planejamento, comunicação e articulação com a sociedade, além de projetos técnicos, a serem realizados em parceria com o Escritório Técnico (ETU/UFRJ) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (lPHAN). A diferença restante, de R$ 1,1 milhão será utilizada na compra de novos contêineres onde as peças resgatadas têm sido reunidas, catalogadas e restauradas.  

Segundo os representantes, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) disponibilizará  R$ 10 milhões para a aquisição de equipamentos de pesquisa científica e ações de infraestrutura. 

Além dos recursos enviados pelo MEC e pelo MCTIC, o Museu tem recebido verbas de entidades internacionais. O governo alemão enviou pouco mais de R$ 750 mil no ano passado e cerca de R$ 260 mil neste ano. A Alemanha se comprometeu em contribuir com até R$ 4,6 milhões. R$ 150 mil foram doados pela agência British Council, para estímulo de intercâmbios educacionais e relações culturais dos professores e alunos do Museu. 

A CAPES repassou R$ 2,5 milhões para o setor de Pós-Graduação do MN, que atualmente conta com seis programas Stricto Sensu e três Lato Sensu.  A FAPERJ destinou bolsas de R$ 3 mil por um ano para 72 pesquisadores além de R$ 350 mil para auxiliar na manutenção da infraestrutura do Museu. “Não é só o Palácio que inspira cuidados. Existem outras edificações que nós precisamos cuidar”, lembrou Kellner. 

Além dos R$ 5 milhões viabilizados pelo MEC, o Museu Nacional recebe ajuda de R$ 21 milhões do BNDES e R$ 43 milhões de emendas parlamentares impositivas, levantados pela bancada federal do Rio de Janeiro. No total, são R$ 68 milhões disponibilizados até agora. 

Protocolo de intenções

No último sábado, 31/08, a reitoria da UFRJ reuniu-se com representantes da iniciativa pública e privada para a assinatura de um protocolo de intenções. O objetivo é definir comitês para dar continuidade às ações de reconstrução do Museu. A reitora explicou que serão compostos dois comitês: um institucional, formado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e do próprio Ministério da Educação (MEC), para que haja um acompanhamento institucional da reconstrução. O outro executivo, composto por UFRJ, Fundação Vale e Unesco, que irá conceber o projeto para o novo Museu Nacional. Além desses órgãos, o documento foi assinado pelo BNDES.

MN 3045

O protocolo marcou o encerramento da primeira fase das obras: retirada de escombros, construção da cobertura provisória e reforço das paredes. As próximas etapas serão a colocação do telhado e a recuperação da fachada do palácio. 

Responsáveis pelos R$ 43 milhões das EPs convertidas para o Museu Nacional, deputados da bancada federal do Rio de Janeiro também estiveram presentes: Alessandro Molon, Jandira Feghali, Benedita da Silva, Hugo Leal e Marcelo Calero, além do deputado estadual Renan Ferreirinha. 

Festival Museu Nacional Vive

MN 3250

Apesar das perdas graves – algumas irreparáveis – , o museu, que é o mais antigo do Brasil, não deixou de produzir avanços no campo científico. Além da assinatura do protocolo, no último final de semana, o MN organizou mais uma edição do Festival Museu Nacional Vive, em parceria com o SESC-Rio. No sábado e no domingo, o evento, realizado na Quinta da Boa Vista, contou com atividades de promoção científica, cultural, de lazer e esportes e reuniu público de todas as idades.  

MN inaugura exposição na CAIXA Cultural 

No começo deste ano, o MN inaugurou a exposição “Quando nem tudo era gelo”, na Casa da Moeda e “Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate”, no CCBB. No dia 19 de setembro, inaugura a exposição “Museu Nacional Vive: memória e perspectiva”, no Congresso Nacional, em Brasília. “O objetivo é dar visibilidade às ações no centro político do nosso país”, destacou Kellner.

Amanhã (3/9), o Museu Nacional inaugura a mostra “Santo Antônio de Sá: Primeira Vila do Recôncavo da Guanabara”, na Caixa Cultural, centro do Rio. A exposição traz ao público parte do acervo resgatado: mais de 60 itens arqueológicos — incluindo peças recuperadas por pesquisadores na área do palácio da Quinta da Boa Vista — que revelam como viviam os primeiros habitantes do estado do Rio.

Junto às peças resgatadas, o acervo  reúne itens exibidos na primeira edição da mostra, em 2010 – peças encontradas no trabalho arqueológico realizado durante a construção do Complexo Petrolífero do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. O conjunto não-inédito estava guardado no Horto Botânico da Quinta da Boa Vista, e não foi atingido pelo incêndio.

Serviço

Exposição “Santo Antônio de Sá: Primeira Vila do Recôncavo da Guanabara” 
Data: 02/09 a 08/12 
Local: Caixa Cultural
Endereço: Avenida Almirante Barroso, nº 25 – Centro.
Entrada franca.
Classificação livre. 

Confira a entrevista completa do diretor do Museu Nacional para o FCC

Contribua com o Museu Nacional: #museunacionalvive


Reportagem: Victor Terra 
Fotografia: Diogo Vasconcellos – Coordcom/UFRJ

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