Celebrando a luta e a força das mulheres

Fórum de Ciência e Cultura no dia 8 de março celebra a luta e a força das mulheres

WhatsApp Image 2024 03 07 at 15.59.50

Celebrando a luta e a força das mulheres

Todos os dias, na sede do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, na avenida Rui Barbosa, Flamengo, há uma presença marcante: Sonia de Deus, uma mulher negra de 50 anos que irradia alegria e otimismo pelo seu sorriso. Há 9 anos, Soninha, como é conhecida, desempenha com alegria suas atribuições como funcionária terceirizada da limpeza. 

Mãe orgulhosa de dois filhos adultos e um neto, ela enfrenta sua rotina com coragem e firmeza: acorda antes do sol nascer, às 4 da manhã, para enfrentar duas horas de transporte público até chegar ao trabalho. O trajeto de ida e volta consome cerca de 5 horas do seu dia. Em uma entrevista emocionante, Soninha compartilhou sua perspectiva única sobre o valor do trabalho e a importância da luta feminina. “Eu me sinto uma mulher muito importante porque tenho o direito de trabalhar. Por isso, me sinto valorizada e me considero uma mulher guerreira e admirada pelas pessoas”, expressou ela com orgulho.

WhatsApp Image 2024 03 07 at 15.59.51

A homenagem a Soninha transcende sua história individual e representa a força coletiva das mulheres. Ela personifica não apenas a luta daquelas que buscam avanços e oportunidades, mas também daquelas que dependem dessas conquistas para sobreviver. Seu espírito de luta é uma inspiração para todas as mulheres, desde aquelas que se dedicam às suas pesquisas até aquelas que encontram na militância a essência de sua existência. 

Mulheres guerreiras no contexto da luta por uma sociedade mais igualitária são aquelas que enfrentam desafios, resistem a injustiças e trabalham incansavelmente para promover mudanças positivas. Diferentemente do sentido que a palavra “guerreiro” pode implicar em contextos masculinos, mulheres guerreiras não precisam empunhar espadas ou estar em campos de batalha; suas batalhas são travadas nos campos da política, da educação, da arte, da ciência e em todos os aspectos da vida onde a desigualdade persiste.

Essas mulheres são líderes em suas comunidades, defensoras dos direitos humanos, promotoras da igualdade de gênero e agentes de mudança social. Elas desafiam normas culturais e estruturas patriarcais que perpetuam a desigualdade, lutando por reconhecimento, respeito e oportunidades iguais para todas as pessoas, independentemente do gênero. Trabalham para desconstruir estereótipos de gênero, combater todas as formas de violência contra as mulheres e promover a inclusão de todas as vozes na busca por justiça social. Elas demonstram força não apenas pelas suas realizações individuais, mas também pela capacidade de unir e capacitar outras pessoas em sua luta por uma sociedade mais justa.

É imprescindível refletir sobre as conquistas alcançadas e os desafios que ainda persistem na busca pela igualdade de gênero. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os números revelam uma realidade complexa, onde as mulheres compõem a maioria do corpo social, porém ainda enfrentam obstáculos em sua representação nos espaços de poder e em determinadas áreas do conhecimento.

Com 7.265 mulheres servidoras, representando 51,8% do corpo social da UFRJ, podemos perceber uma presença equânime entre os gêneros na Universidade. Entre docentes, as mulheres correspondem a 49,1%, evidenciando uma leve sub-representação em comparação aos homens.

WhatsApp Image 2024 03 07 at 15.59.51 2

A análise mais detalhada dos cargos de poder revela que, das 147 gratificações mais altas (CD-1, 2, 3 e 4), 44% são ocupadas por mulheres, enquanto os homens ocupam 56% dessas posições. Essa ligeira diferença reflete tanto os avanços significativos das mulheres em posições de liderança, se compararmos com números menos recentes, mas também as persistentes barreiras que enfrentam para ascender a cargos de liderança e influência na instituição, que fazem com que ainda não estejam em igual ou maior número que os homens. 

Além disso, a disparidade de gênero também se manifesta de forma marcante nas áreas do conhecimento. Enquanto as mulheres representam a maioria entre os estudantes de pós-graduação na UFRJ, com 54,4% do total, essa predominância não se estende uniformemente a todas as disciplinas. Por exemplo, apenas 9,25% dos estudantes de engenharia mecânica são mulheres, enquanto 88,76% dos estudantes de enfermagem são do sexo feminino.

WhatsApp Image 2024 03 07 at 15.59.51 1

Esses dados, inspirados nas reflexões de pensadoras como Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Simone de Beauvoir, Angela Davis e Bell Hooks, nos instigam a questionar as estruturas sociais e acadêmicas que perpetuam desigualdades. Enquanto celebramos as conquistas das mulheres, as vozes que estão sendo ouvidas e as mudanças que estão acontecendo, lembramos que é urgente redobrar nossos esforços para promover mudanças reais e significativas em direção à igualdade de gênero na UFRJ e em toda a sociedade.

À medida que nos reunimos para celebrar o Dia Internacional das Mulheres, convidamos a comunidade da UFRJ e toda a sociedade a erguer a voz contra as estruturas da desigualdade de gênero. Somente juntos, unidos em solidariedade e determinação, podemos construir um futuro onde todas as mulheres possam prosperar, onde todas as vozes sejam ouvidas e suas contribuições valorizadas.

Hoje, celebramos não apenas Soninha e as mulheres que compõem o corpo social do Fórum de Ciência e Cultura como indivíduos, mas a força coletiva que elas representam. Que este seja um momento de reflexão, ação e, acima de tudo, esperança para um futuro mais igualitário e inclusivo na UFRJ e em nossa sociedade.

 

Veja mais

Se inscrever
Notifcar de
0 Comentários
Feedbacks Inline
Ver todos os comentários